Mecanismos de Aferição

Mecanismos de Aferição

Centro Universitário Maria Antônia, 2006

(fotos Maurício Guerreiro)

OS EXPERIMENTOS E A EXPERIÊNCIA

Por Thais Rivitti

Sobre a Mostra Mecanismos de Aferição,
Centro Universitário Maria Antônia, 2006

Os trabalhos que integram a exposição Mecanismos de Aferição de Laura Huzak Andreato remetem ao universo escolar. De saída, sobressai uma certa unidade visual conferida pela utilização da lousa verde e do giz branco em quase todas as obras. A artista recria na exposição experimentos que, tal como numa sala de aula, visam formalizar em termos universais a vivência cotidiana.
A demonstração da lei da inércia, segundo a qual todos os corpos tendem a continuar em movimento ou em repouso, aparece no trabalho que mostra um patinador tentando dividir uma lousa em partes iguais. Uma caricatura usada didaticamente para tornar visível a lei da física: sabe-se que com ou sem patins a inércia atuaria sobre os corpos. Há também um trabalho em que a pirueta de uma bailarina é analisada, divida em ângulos e medida. A potência da dança, advinda justamente da performance e de sua exposição ao risco, é deixada de lado. Aproximando-nos da geografia, encontramos uma miniatura do processo de sedimen-tação das camadas geológicas da Terra. A transposição daquela maquete precária, controlada e modesta para a formação do nosso planeta exige um salto que o objeto não consegue realizar.
O que há de mais interessante nesses exercícios escolares parece ser sempre descartado ou ignorado pelos tais mecanismos de aferição que dão título à exposição. Não por acaso, estamos falando do incalculável, do desvio, do absurdo, do acaso que fazem parte do vocabulário da arte. No momento em que nos damos conta da dúvida que recai sobre a arte contemporânea – que tipo de experiência ela ainda é capaz de despertar? – a exposição de Laura revela-se ainda mais instigante.